Foto: Polícia Civil (Divulgação)
Uma ação conjunta da Polícia Civil e da Brigada Militar cumpriu, nesta quinta-feira (11), 78 ordens judiciais em 14 cidades gaúchas contra um grupo criminoso especializado no furto e desmanche de caminhões. A Operação Truck Hunters foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRCOR), ambas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Ao todo, foram cumpridos 28 mandados de prisão preventiva e 50 de busca e apreensão, resultando em 20 prisões. Também houve apreensão de armas, drogas e um caminhão. As ordens foram cumpridas, além de Santa Maria, em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Viamão, Gravataí, Canoas, Guaíba, Porto Alegre, Capão da Canoa, Tramandaí, Portão, Alvorada, Sapucaia do Sul e Mariana Pimentel.
Estrutura
De acordo com as investigações, a organização criminosa atuava havia pelo menos dois anos, combinando furtos de caminhões com extorsão das vítimas e desmanche em escala industrial. O grupo funcionava como uma verdadeira empresa do crime, com hierarquia rígida e setores especializados, desde a fabricação de “chaves-micha” para ligar veículos até a adulteração e revenda de peças.
A liderança era formada por quatro homens, entre eles um investigado de 45 anos, apontado como o “cérebro” da quadrilha. Outros três membros atuavam no comando operacional, planejamento dos furtos, extorsão das vítimas e controle financeiro. Além deles, pelo menos 15 executores integravam a célula criminosa.
O esquema contava ainda com apoio de postos de combustíveis que informavam sobre caminhões carregados, além do aluguel de galpões usados para desmontar os veículos. Em alguns casos, um caminhão inteiro era desmanchado em menos de 12 horas.
O início das investigações
A investigação começou em setembro de 2023, quando a polícia localizou um galpão em Viamão usado pela quadrilha. No local, três homens foram flagrados desmontando um caminhão. Duas semanas depois, em Gravataí, outro ponto foi descoberto, e um aparelho telefônico deixado para trás por um criminoso forneceu informações cruciais sobre a rede criminosa.
Alvos e modo de atuação
Os alvos eram caminhões carregados com cargas valiosas, como ração animal, materiais de construção e eletrônicos, que circulavam principalmente pela BR-116 e ERS-122. Após o furto, os criminosos exigiam quantias entre R$ 5 mil e R$ 100 mil para devolver os veículos. Em muitos casos, as vítimas pagavam o “resgate”; quando não havia acordo, os caminhões eram levados para o desmanche.
As peças adulteradas eram redistribuídas por meio de uma empresa de transportes em Guaíba, ligada a um dos investigados. O grupo também falsificava documentos e usava veículos de apoio para as ações.
Segundo o delegado Gabriel Lourenço, responsável pela DRFC/Deic, o grupo representava uma ameaça direta ao setor de transportes gaúcho:
— Esta organização criminosa tinha um nível de sofisticação impressionante e era capaz de impor enormes prejuízos econômicos, além de terror psicológico às vítimas. Por isso, a investigação foi tratada como prioridade absoluta — destacou.
As apurações apontam que mais de 50 ocorrências policiais estão vinculadas diretamente à quadrilha, com dezenas de caminhões furtados e centenas de vítimas extorquidas em diversas regiões do Estado.
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